de rádio e televisão
<i>RTP</i> à mercê <br>dos apetites do lucro
Os sindicatos representativos dos trabalhadores ao serviço da RTP consideram «inaceitável» a hipótese de extinção da RTP 2 e de privatização da empresa, encapotada de concessão da sua gestão a um grupo privado.
A resposta da população impedirá as pretensões do Governo
Para ontem – coincidindo com o fecho da nossa edição – estava previsto um plenário geral dos trabalhadores da RTP, com a presença de Arménio Carlos e de João Proença, secretários-gerais da CGTP-IN e da UGT, respectivamente.
Também o realizador António Pedro Vasconcelos – que encabeça um Movimento contra a privatização da RTP – foi convidado a participar no plenário, onde os trabalhadores iam decidir como enfrentar este ataque brutal à RTP, que, a concretizar-se, afirmam os sindicatos «seria o fim definitivo dos serviços públicos de rádio e de televisão, caso inédito na Europa moderna e com efeitos dramáticos na garantia constitucional do direito à informação e à liberdade de informação e de expressão e pondo em causa a própria democracia».
Num comunicado conjunto – subscrito pelo Sindicato dos Jornalistas, Sindicato dos Trabalhadores das Telecomunicações e Comunicações Audiovisual, Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual, Sindicato dos Meios Audiovisuais, Federação dos Engenheiros e Sindicato Independente dos Trabalhadores da Indústria e Comunicações – as estruturas sindicais reconhecem ainda que «é necessário melhorar os serviços públicos que a RTP presta e que é necessário melhorar o desempenho económico-financeiro da empresa» e que tal prestação «só é possível em qualidade e cumprindo todas as suas obrigações, pelo menos com a actual arquitectura de serviços de programas (vulgo canais), assegurados pela empresa de capitais públicos que é – e deve continuar a ser – a RTP».
«Os verdadeiros serviços públicos de rádio e de televisão não podem ficar à mercê dos apetites do lucro nem das contingências próprias do sector privado, na medida em que as suas inúmeras e diversificadas obrigações (defesa da língua portuguesa, atenção a minorias, cobertura do território nacional e da diáspora, entre muitas outras) têm de ser asseguradas, por vezes independentemente de critérios de rentabilidade», lê-se no documento.
Solidariedade do PCP
Na terça-feira, Bruno Dias, deputado do PCP à Assembleia da República, esteve à porta da empresa, para solidarizar-se com a luta e resistência dos trabalhadores da RTP, a quem entregou um documento com a posição do Partido, que rejeita qualquer proposta que conduza à privatização do serviço público de rádio e de televisão. «A concretizar-se esta opção», lê-se no mesmo, «culmina um longo processo de ataques por parte dos sucessivos governos de direita (PSD, CDS e PS) contra a rádio e televisão pública, que só não avançaram mais cedo com a privatização porque embateram na oposição dos trabalhadores e da população».
Dias antes, em Grândola, Jerónimo de Sousa lembrou que a RTP tem sido alvo de uma «campanha de desprestígio que tem subjacente criar as condições para a sua privatização», há muito reivindicada pelo «grande capital e alguns dos grandes interesses instalados no sector da comunicação social». «Trata-se de um golpe brutal no serviço público que se traduz num ataque ao País, à soberania nacional e ao regime democrático», acusou o Secretário-geral do PCP.